terça-feira, 21 de dezembro de 2010

chama(s)

um explosivo
um fósforo

e a explosão esperada ocorre
só preciso de um pouco mais de tempo pra ver se vale a pena

queimar também destrói.
e é de destruição que eu preciso!

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

(d)entro.

na verdade isso não é rodar na roda.
é ficar esperando chegar a hora de rodar..
esperando.
com vontade.
desejando incessantemente.
fingindo.
tentando.
pseudo-rodando o tempo todo.
(d)entro

não.
não entro.
a roda não pára para que eu suba.



isso é o que dói mais.
(finalmente coloco um ponto final)

terça-feira, 9 de novembro de 2010

dramadruga.

A madruga é muito ligada a uma possibilidade
Não é real
Não palpável
Nela eu não chupo o gosto do dia
Eu cuspo, choro, rasgo todo o dia.

Ai, amanhece

(H)Aja saco.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

orto dimensão.

o sono também salva


soa um tanto quanto fugaz.

soa bem
correto e tal.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

escrito odontológico.

não provoque injúria a polpa.
proteja-a, ela é sensível.

e não provoque injúria a polpa.
a polpa.
a polpa

a gente?
a "gente"?
gentite crônica.
ou melhor

gentectomia

me poupe!

(remoção da 'gente' no dia-a-dia = gentectomia)

terça-feira, 10 de agosto de 2010

tiroteio

cidade pacata.
homem agressivo, rude, impiedoso, áspero, doloroso.
com uma carabina na mão.
ele me dói.
o seu olhar me desmancha (metaforicamente)
de fato, o que ele faz é atirar
atira para todo o vazio
tudo que é fora dele
todo o seu exterior!
e atinge, até desmanchar!
um por um...
fisicamente!

à mim..ele dispensa
pede que eu me levante, que eu me retire
que eu saia de todo aquele vazio que ele atira sem parar
não quer, por alguma razão, que eu seja seu alvo.

me pergunto.
se por piedade (ele que é tão impiedoso)
ou se por alguma razão me tornei o seu interior
algo dentro.
o que é dentro ele nao consegue atingir.

não entendi a razão
mas acatei o pedido


deixou minha carne
deixou meu corpo
são e salvo
de pé

levou tudo e todos.
deixou minha vida

minh'alma?
essa ele nao polpou
atirou, esfaqueou e sugou-a até o fim.



e nunca mais o vi.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

evitando quedas.

— E você, por que desvia o olhar?
(Porque eu tenho medo de altura. Tenho medo de cair para dentro de você. Há nos seus olhos castanhos certos desenhos que me lembram montanhas, cordilheiras vistas do alto, em miniatura. Então, eu desvio os meus olhos para amarrá-los em qualquer pedra no chão e me salvar do amor. Mas, hoje, não encontraram pedra. Encontraram flor. E eu me agarrei às pétalas o mais que pude, sem sequer perceber que estava plantada num desses abismos, dentro dos seus olhos.)
— Ah. Porque eu sou tímida.


Rita Apoena

terça-feira, 4 de maio de 2010

êxi(s)to

eu não penso mais.

não persisto
não dedico
não insisto

por escolha mesmo
para não conhecer o fim
o fundo.
viver superfícies evita quedas.
e tenho arduamente evitado-as

quarta-feira, 31 de março de 2010

irredutível

acontecem e se frustram...
por elas mesmas
independem de vontades
frustrações que nem são tão definitivas assim.
o problema é que depois que sente, depois que vai, depois que dói.
não para mais não.

a dor sim é irredutível

sábado, 6 de março de 2010

juras

como já dito, falado, escrito:
eu dito,
esquivo,
eu g r i t o!
e peço
e peço
e repito o pedido!
- por favor!
suplico
mas, de fato, não podes
não sabes que queres
que não queres, no caso.
então, ao acaso, diz-me qualquer coisa
ou faz-me qualquer gesto
que eu juro, eu juro, eu juro
que interpreto...
certo!

decerto.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

caiof

Ela estava tão dentro dele quanto ele dentro Dela.
Intrincados, a ponto de um tornar-se ao mesmo tempo fundo e superfície do outro.
Amenizava-se às vezes no decorrer do dia, nuvens que se dissipam, turvo de água clareando até o cair da noite surpreendê-lo nítido, passado a limpo, passado a ferro.
Então sorria, dava telefonemas, cantava ou ia ao cinema.
Mas em outras vezes adensava-se feito céu cada vez mais escuro, turvo agitado subindo do fundo, vidro bafejado.
Sem dormir, fosforescia entre os lençóis ouvindo os ruídos da madrugada chegarem como abafados por uma grossa camada de algodão.
Dissipava-se ou concentrava-se na manhã seguinte e, concentrando-se, não era uma manhã seguinte, mas apenas uma fluida e mansa continuação sem solavancos.
Seu maior medo era o destemor que sentia.
Íntegro, sem mágoas nem carências ou expectativas.
Inteiro, sem memórias nem fantasias.
Mesmo o não-medo sequer sentia, pois não-dar-certo era o natural das coisas serem, imodificáveis, irredutíveis a qualquer tipo de esforço.


pois não-dar-certo era o natural das coisas serem, imodificáveis, irredutíveis a qualquer tipo de esforço.

pois não-dar-certo era o natural das coisas serem, imodificáveis, irredutíveis a qualquer tipo de esforço.

pois não-dar-certo era o natural das coisas serem, imodificáveis, irredutíveis a qualquer tipo de esforço.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

"

e mais uma vez eu calo.
sentir é um "mérito" apenas meu.
ficas com o meu silêncio...
assim prefiro e assim será(s).
melhor mesmo é conservar essa aspa a direita e a esquerda.
facilita.
não as esquece, por favor.